MAPUTO, 20 DE SETEMBRO DE 2025 – O Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, defendeu este sábado, em Nova Iorque, a sua visão para Moçambique e África, no quadro da sua participação na Semana de Alto Nível da 80.ª Sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas (ONU). Como orador principal da Columbia Africa Conference 2025, o Chefe do Estado apresentou um roteiro de desenvolvimento sustentável, inclusivo e estratégico, destacando o potencial económico, cultural e humano do continente africano.
Subordinada ao tema “Visões de África – Alinhando Cultura, Capital e Comunidade”, a conferência, que vai na sua 22.ª edição, é organizada pela Columbia Business School, em colaboração com a School of International and Public Affairs, a Mailman School of Public Health, a School of Engineering e a Law School. É considerada uma das mais influentes plataformas de diálogo entre África, a sua diáspora e instituições académicas internacionais. O evento reúne académicos, líderes de pensamento e estudantes da diáspora africana em debates sobre crescimento económico, inovação, integração regional e cooperação internacional.
Nas suas notas de oratória, o Presidente moçambicano evocou o legado de Eduardo Chivambo Mondlane, fundador da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e ex-aluno da Universidade Columbia.
“Moçambique alcançou a sua independência porque um dos seus filhos, Eduardo Chivambo Mondlane, passou por esta Universidade. Hoje, cinquenta anos depois, voltamos para dizer: muito obrigado, Universidade Columbia”, afirmou, descrevendo Mondlane como arquitecto da unidade nacional e precursor das ideias de liberdade, justiça e igualdade.
O Chefe do Estado sublinhou a importância histórica da ligação África-América e do pan-africanismo, destacando a influência de movimentos como a Harlem Renaissance no despertar da consciência nacionalista africana. “Este passado comum deve inspirar os jovens a reforçar laços culturais, económicos e científicos entre África e a América”, disse.
Apresentando a visão para o futuro, o Presidente Chapo disse que Moçambique e África devem ser construídos como territórios prósperos, inclusivos e resilientes. “Queremos uma África forte em identidade cultural, patrimónios e ética comum; uma África cujo desenvolvimento seja orientado para pessoas, confiando no potencial dos povos africanos, especialmente na juventude e na mulher africana”, afirmou.
No caso específico de Moçambique, o Presidente da República destacou os recursos estratégicos e a posição geográfica do país, com 2.700 km de costa, ilhas paradisíacas, reservas minerais, gás natural e potencial energético. “Moçambique reúne todas as condições para se tornar no principal hub logístico da SADC, através dos corredores de Nacala, Beira e Maputo, conectando seis países do interior de África ao Oceano Índico”, disse.
Outrossim, detalhou áreas prioritárias de investimento: energia, turismo sustentável, agro-indústria, corredores logísticos, Economia Azul e Digital.
“Moçambique é hoje o maior exportador de energia limpa e fiável na África Austral e possui recursos para construir centrais hidroeléctricas, solares, eólicas e a gás. No turismo, com praias, ilhas e reservas, queremos investimentos que preservem a biodiversidade e beneficiem as comunidades locais. Na agro-indústria, temos terras férteis para alimentar a região e o mundo, incluindo os Estados Unidos”, explicou.
O Chefe do Estado reconheceu os desafios, incluindo ataques terroristas em Cabo Delgado e eventos climáticos extremos, mas reiterou que “a experiência de Moçambique tem servido de referência ao nível das Nações Unidas e da União Africana”, destacando reformas estruturais para melhorar o ambiente de negócios, combater a corrupção e atrair investimento externo. Ao concluir, o Presidente Daniel Chapo apelou à cooperação internacional, especialmente com os Estados Unidos, reforçando que “queremos um Moçambique e uma África que crescem de forma inclusiva, diversificada e resiliente, capitalizando o potencial dos recursos existentes e a resiliência das nossas comunidades. Juntos podemos multiplicar oportunidades para a juventude e para as mulheres, construindo sociedades democráticas, pacíficas e justas”.