MAPUTO, 26 DE JULHO DE 2025 – O Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, esclareceu este sábado, em Quelimane, que a aquisição de tractores adaptados para transporte de pessoas e bens nas zonas rurais não deve ser contraposta à construção de estradas, uma vez que há regiões do país onde, mesmo com recursos financeiros, é fisicamente impossível abrir vias de acesso.

“Não é o problema de estrada ou não estrada, é mesmo do tipo de terreno que dá acesso a esta zona”, afirmou o Chefe do Estado em conferência de imprensa de balanço da visita à província da Zambézia.

Respondendo a questões colocadas pelos jornalistas, o Presidente Chapo explicou que os tractores anunciados pelo Governo são uma resposta prática a desafios concretos enfrentados pelas populações camponesas em áreas de produção de difícil acesso. “Na província da Zambézia nós temos zonas em que só se produz arroz. E zonas onde há produção de arroz são completamente alagadas e de ‘matope’ [adobe]. […] Mesmo que tenha recursos financeiros, você não tem como fazer estradas”, afirmou.

O governante sublinhou que a finalidade dos tractores é facilitar o escoamento da produção agrícola para os mercados de consumo, particularmente em regiões montanhosas ou alagadiças. “A existência daqueles meios é exactamente para buscar a produção das zonas de produção, de difícil acesso, para as zonas de comercialização. E quem sente a falta daqueles meios é exactamente o produtor, que está na zona rural”, reforçou.

O estadista referiu que durante o comício realizado em Guruè, a população expressou de forma clara a necessidade desses tractores. “Disseram: ‘Presidente, para nós aqui no campo, onde nós nos encontramos, este é o meio mais adequado, porque temos montanhas, temos matope, temos zonas montanhosas”, relatou, acrescentando que os líderes comunitários também voltaram a solicitar estes meios durante o encontro matinal havido hoje em Mocuba.

O Chefe do Estado afirmou que há localidades em que nem mesmo viaturas todo-o-terreno conseguem aceder, dificultando acções básicas do Estado como a entrega de medicamentos e exames escolares. “Temos também zonas que mesmo para fazermos fazer chegar exames aos nossos alunos durante o final do ano, mesmo uma viatura 4×4, de tracção às quatro rodas, uma Landcruiser, não chega nesta zona”, exemplificou.

Neste contexto, os tractores adaptados surgem como única solução viável. “São para as zonas onde mesmo tendo recursos é praticamente impossível fazer estradas”, destacou. “Não são meios de transporte para a cidade de Quelimane, não são meios de transporte para os municípios, não são meios de transporte para o asfalto”, advertiu.

O Presidente da República observou que estas limitações de mobilidade têm impacto directo na segurança alimentar. “Temos pessoas neste país onde numa zona há um excesso de produção e na zona ao lado existem pessoas a passarem fome”, lamentou, realçando que os tractores ajudarão a corrigir estas desigualdades, aproximando as zonas de produção das de comercialização.

Entre os produtos que enfrentam dificuldades de escoamento nas zonas rurais da Zambézia, o estadista destacou o arroz, feijão bóer, gergelim, mandioca e cana-de-açúcar. “Neste momento a população da zona rural está com grande sofrimento para transportar os seus produtos”, afirmou. O Presidente Daniel Chapo reafirmou que os investimentos em estradas continuarão sempre que forem viáveis, mas os tractores são uma necessidade urgente para as zonas rurais intransitáveis. “A demanda é muito grande. Mas repito: é para a zona rural, não é para a zona urbana”, concluiu.

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