
MAPUTO, 19 DE JULHO DE 2025 – O Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, e o Presidente do Grupo Banco Mundial, Ajay Banga, anunciaram hoje em Songo, Tete, a visão ambiciosa de Moçambique se tornar um centro de distribuição de energia eléctrica na África Austral.
A visita de Banga, a primeira ao país e a convite do Presidente Chapo, concentrou-se no vasto potencial energético moçambicano, que abrange hidroeléctricas, gás, sol e vento, e no reforço da parceria para impulsionar o desenvolvimento de infra-estruturas, agricultura e turismo. Esta visita resulta de um convite pessoal do Chefe do Estado moçambicano durante um encontro em Sevilha, com o objectivo de destacar Moçambique como um futuro “hub” energético.
Durante a estadia em Tete, os dois líderes sobrevoaram áreas com grande potencial de geração de energia e visitaram a Barragem de Cahora Bassa (HCB), um dos mais proeminentes empreendimentos hidroeléctricos da África Austral.
O Presidente da República detalhou a diversificada matriz energética do país, que vai muito além da HCB. Mencionou projectos de expansão na própria HCB e o ambicioso projecto de Mphanda Nkuwa. Além disso, o estadista enfatizou o papel crescente do gás natural.
“Nós queremos produzir energia não só a partir de hidroeléctricas. […] Sabem muito bem que Moçambique tem gás, vincou, citando a seguir a produção existente e a quase conclusão da Central Térmica de Temane (450 MW) em Inhambane, a maior construída desde a independência, além de outros projectos em curso e o vasto potencial do gás do Rovuma.
A estratégia moçambicana de diversificação energética inclui também o aproveitamento das fontes renováveis. A este respeito, o governante mencionou os exemplos das centrais solares de Mucuba e Metoro e anunciou que, em breve, será iniciada a construção de uma nova central solar de 400 MW perto de Cahora Bassa, cujos estudos de viabilidade e impacto ambiental já foram concluídos, visando complementar a capacidade da HCB.
Ajay Banga, por sua vez, expressou profundo optimismo quanto ao potencial de Moçambique. “Este país tem tudo para criar a capacidade certa no domínio da energia e da sua transmissão. E, sinceramente, nesta parte de África, nenhum outro país tem a capacidade ou o potencial para fazer aquilo que pode ser feito com os recursos moçambicanos,” afirmou o Presidente do Banco Mundial, para depois elogiar a “visão deste Presidente [da República] a 10 anos”, que visa transformar Moçambique numa “potência energética” e no “centro energético da África Austral”, considerando-a uma “oportunidade concreta”.
Banga sublinhou o papel crucial do Grupo Banco Mundial em apoiar esta visão, não apenas através de financiamento público, mas também facilitando parcerias público-privadas. Detalhou como as várias instituições do grupo podem contribuir: o IFC (International Finance Corporation) no desenho e financiamento; o IBRD (International Bank for Reconstruction and Development) com garantias parciais contra riscos; a MIGA (Multilateral Investment Guarantee Agency) com seguros contra riscos políticos; e a IDA (International Development Association) com financiamento concessionado para transmissão e preparação de projectos. “Tudo isto, em conjunto, é como uma orquestra a tocar uma boa música – é preciso vários instrumentos para a melodia funcionar,” ilustrou Banga.
Para além da energia, o Presidente Daniel Chapo identificou outras áreas estratégicas de colaboração com o Banco Mundial. Moçambique pretende focar no turismo, devido ao seu “potencial enorme”, na agricultura, também com um “potencial enorme”, nos recursos minerais e energia, e no desenvolvimento de infra-estruturas, com destaque para os corredores de desenvolvimento de Maputo, Nacala e Beira. “Achamos que os nossos corredores têm capacidade de produzir dinheiro para o país com transporte e logística muito mais do que está a produzir neste momento,” avaliou o estadista. A visita de Ajay Banga a Moçambique insere-se na estratégia do Governo moçambicano de lançar as bases para a independência económica do país, através de parcerias estratégicas e mutuamente vantajosas. Ambos os líderes reafirmaram o compromisso de trabalhar em conjunto para impulsionar o desenvolvimento de Moçambique, com foco na prosperidade e no aproveitamento pleno dos seus recursos, incluindo a sua valiosa juventude.