
MAPUTO, 01 DE JULHO DE 2025 – O Presidente da República, Daniel Chapo, manteve, esta Terça-feira, em Sevilha, um encontro com o antigo Presidente do Governo da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, no terceiro dia da sua visita ao Reino da Espanha, a fim de participar na IV Conferência Internacional sobre o Financiamento ao Desenvolvimento.
A reunião serviu para reafirmar o compromisso comum com a construção de uma nova arquitectura financeira internacional mais justa, solidária e orientada para a erradicação da pobreza extrema, destacando-se como um momento de diálogo estratégico entre África e Europa sobre o futuro do desenvolvimento global.
Após a audiência com o Presidente moçambicano, o antigo dirigente espanhol partilhou com a imprensa uma reflexão crítica sobre o momento actual e destacou a importância de uma liderança africana activa. “É imprescindível. Vivemos um momento histórico nestes primeiros 25 anos do século XXI, em que estamos a decidir: qual vai ser o legado deste século”, afirmou.
Sublinhando a urgência de uma acção coordenada para acabar com a miséria e a fome, defendeu: “Ou acabamos com a pobreza extrema — que para mim é a primeira obrigação — ou falhamos. Temos de erradicar a pobreza extrema no mundo, abolir a miséria, a fome. A fome não pode existir no século XXI, quando há tanto desenvolvimento tecnológico, tanta riqueza global”.
Para Zapatero, essa transformação exige uma nova arquitectura financeira e mudanças estruturais nas atitudes das potências mundiais. “Exige que as nações ricas e poderosas deixem de ser egoístas, que pensem nos outros, e exige uma África unida. Isso é fundamental: uma África unida e decidida também a começar já”.
Reconhecendo o potencial do continente, declarou: “Toda a gente sabe que o futuro é África. É verdade que as nossas vidas são curtas, e por vezes perguntamos: mas quando, quando? Eu acredito que pode ser já”.
Outrossim, projectou o horizonte de 2030, ano-limite para o cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, mostrando-se esperançoso quanto aos avanços possíveis: “Oxalá cheguemos a 2030 — que é o prazo para o cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável — com um grau significativo de concretização, sobretudo no que toca à eliminação e erradicação da pobreza”.
O antigo Chefe do Governo espanhol destacou igualmente os progressos já alcançados em sectores-chave: “A saúde melhorou. A educação também tem vindo a melhorar em África. Há cada vez mais população formada, mais educada, mais empreendedora”.
No entanto, alertou que persistem desafios estruturais ligados à falta de perspectivas para a juventude africana. “Falta o futuro. Falta o futuro. É por isso que tantos jovens emigram, porque não têm alternativa”.
Numa mensagem directa à Europa, deixou um aviso claro: “Eu digo sempre à Europa: se a Europa não investir em África, a África estará na Europa, os jovens africanos irão para a Europa”. Concluindo, José Luis Rodríguez Zapatero expressou confiança na actual liderança espanhola para impulsionar este novo paradigma. “Espero, portanto, que a história nos ensine que as nações ricas e poderosas colapsaram por não olharem para os outros, por não ajudarem os outros. E essa é a minha visão desta cimeira. Acredito que a Espanha, com o Presidente Sánchez, neste momento assume uma liderança e uma força a favor dessa nova arquitectura de financiamento”.