MAPUTO, 29 DE JUNHO DE 2025 – O Presidente da República, Daniel Chapo, iniciou neste domingo uma visita ao Reino de Espanha para participar, de 30 de Junho a 3 de Julho, na IV Conferência Internacional das Nações Unidas sobre o Financiamento ao Desenvolvimento, em Sevilha. O evento deverá culminar com a adopção do “Compromisso de Sevilha”, uma nova estratégia global de financiamento para impulsionar a Agenda 2030, cujo epicentro são os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Durante a estadia, o Chefe do Estado moçambicano manterá encontros de alto nível com o Rei de Espanha, com o Presidente do Governo espanhol e com autoridades da Comunidade Autónoma da Andaluzia, região com a qual Moçambique mantém cooperação activa. “É mesmo uma honra, porque nem todos os chefes de Estado vão ter este privilégio de se encontrar com a Sua Majestade”, destacou a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Maria dos Santos Lucas, em declarações à imprensa.

A presença de Moçambique nesta conferência decorre num contexto estratégico: o país posiciona-se entre os cinco parceiros africanos prioritários para a cooperação espanhola e procura ampliar a sua inserção nas novas dinâmicas de financiamento global.

A ministra confirmou ainda que o Chefe do Estado manterá encontros com o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e com representantes da comunidade moçambicana residente em Espanha. “Estamos a dizer representantes porque estamos em Sevilha, que é um pouco distante, então vamos ter alguns representantes da comunidade moçambicana também, ainda hoje”, acrescentou.

Questionada sobre a possibilidade de assinatura de acordos bilaterais com Espanha durante esta visita, a ministra foi clara: “É de cortesia. É mesmo para participar nesta Cimeira. Mas é sempre de praxe encontrar-se com as lideranças do país anfitrião. […] Nós fazemos parte dos cinco países prioritários da Espanha, no continente africano”.

A IV Conferência de Sevilha reúne líderes políticos, financeiros e comerciais para debater soluções sustentáveis para os crescentes desafios do desenvolvimento global, incluindo o comércio justo, a dívida pública e os fluxos de financiamento.

Segundo a ministra das Finanças, Carla Loveira, Moçambique se apresenta na conferência com uma agenda clara e estruturada. “O nosso país tem que se reposicionar, ouvindo a nova dinâmica internacional relativamente ao financiamento e ao desenvolvimento, para que nós possamos ver as novas janelas de financiamento existentes”, disse, sublinhando que serão debatidos seis grandes temas com forte interesse nacional, incluindo a mobilização de apoio ao orçamento, o fortalecimento das micro, pequenas e médias empresas e a sustentabilidade da dívida pública.

A ministra destacou ainda que Moçambique vai partilhar a sua experiência em três áreas principais: inclusão financeira, transição energética e financiamento climático. “Estamos a trabalhar para um banco de desenvolvimento”, afirmou, indicando também avanços no financiamento verde, na adesão a mecanismos do Debt for Climate Swap e na implementação do seguro climático.

Sobre a estratégia de Debt for Climate Swap, Loveira explicou: “É uma abordagem em que o serviço da dívida existente pode ser utilizado para financiar acções relacionadas ao financiamento climático, como infra-estruturas resilientes ao clima […]. Já celebramos algum acordo, como é o caso da Bélgica”. Em relação aos compromissos internacionais de longo prazo, a ministra das Finanças assegurou que Moçambique está alinhado com a Agenda 2030 e com a Estratégia Nacional de Desenvolvimento Económico. “Já estamos com cinco anos do terminar da agenda 2030. Tivemos a grande vantagem de conseguir aprovar a nossa Estratégia Nacional de Desenvolvimento Económico, onde temos cinco pilares que agregam os 17 objectivos da agenda 2030”, concluiu.

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