MAPUTO, 17 DE JUNHO DE 2025 – O Presidente da República e Campeão da União Africana UA para a Gestão do Risco de Desastres, Daniel Francisco Chapo, exortou na tarde desta Terça-feira os países africanos a intensificarem os esforços conjuntos para restaurar terras degradadas e combater os efeitos devastadores da seca e da desertificação no continente.

O apelo foi feito a partir de Maputo, durante um webinar promovido pela União Africana (UA) por ocasião do Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca, celebrado sob o lema “Restaurar a Terra. Desbloquear as Oportunidades”.

No seu discurso, o Presidente Chapo destacou que “esta celebração, do ano de 2025, reveste-se de um significado especial para África”, apontando a Iniciativa da Grande Muralha Verde como um “programa emblemático destinado a combater a desertificação, a degradação dos solos e as mudanças climáticas na região do Sahel e noutras regiões afectadas”.

O evento contou com a participação de representantes dos Estados-membros da União Africana, representantes dos Presidentes das Comunidades Económicas Regionais, parceiros internacionais e o Secretário-Executivo da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD).

O estadista moçambicano alertou para os impactos do fenómeno El Niño de 2023–2024, considerado um dos mais severos das últimas décadas na África Austral, que causou a morte de gado, escassez de água e pastagens, fome aguda e recessão económica em vários países. “Mais de 30 milhões de pessoas, em toda a região, foram afectadas, enfrentando fome aguda, desnutrição e necessidades humanitárias crescentes”, afirmou o estadista.

O Presidente moçambicano lembrou ainda que a crise não se limita à África Austral. “Na região do Grande Corno de África registaram-se as piores secas das últimas décadas”, provocando deslocações forçadas, surtos de cólera e sarampo, e a desnutrição generalizada entre crianças, como foi o caso da Somália, onde mais de um milhão de pessoas foram deslocadas só em 2022.

Para além da seca, o Campeão da UA para a Gestão do Risco de Desastres chamou atenção para a desertificação crescente, um dos “desafios ambientais mais prementes” do continente, que já afecta mais de 45 por cento do território africano e ameaça 65 por cento das terras aráveis. “À medida que as terras férteis se tornam improdutivas, as consequências são graves: insegurança alimentar, conflitos pelos recursos e deslocações massivas causadas pela fome e pela pobreza”, advertiu.

Apesar do cenário sombrio, o Presidente da República manifestou esperança: “Mas este não tem de ser o destino de África — ainda há esperança e um caminho a seguir.” Sublinhou que restaurar a terra é também “uma oportunidade económica e social”, capaz de criar empregos, reduzir migração forçada, revitalizar ecossistemas e garantir segurança alimentar.

O governante destacou a importância de mecanismos inovadores como os “seguros soberanos e as acções antecipatórias à seca”, assim como projectos estruturantes como a Grande Muralha Verde — uma cintura ecológica de cerca de oito mil quilómetros de comprimento entre Dakar e Djibuti — e outras iniciativas como a Gestão da Floresta do Miombo e a Gestão da Floresta Tropical da Bacia do Congo. “O nosso continente tem soluções e exemplos inspiradores de resiliência”, afirmou, antes de lançar um apelo à acção: “Unamo-nos para restaurar as terras de África — e, com elas, abrir caminho para um futuro de dignidade, estabilidade e oportunidades para todos”. E concluiu com uma nota de encorajamento: “Que este webinar sirva de porta de entrada para reforçar a coordenação transfronteiriça, regional e continental neste esforço comum”.

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