
MAPUTO, 17 DE MAIO DE 2025 – O Presidente da República, Daniel Chapo, defendeu esta sexta-feira, em Luanda, a importância do diálogo inclusivo, da unidade nacional e da pacificação como fundamentos essenciais para a consolidação da democracia e desenvolvimento do país. O estadista moçambicano falava durante um encontro com a comunidade moçambicana residente em Angola, no quadro da sua visita de trabalho a este país lusófono, a convite do Presidente João Lourenço.
“Para nós, Moçambique é Angola, e Angola é Moçambique”, afirmou, sublinhando os laços históricos, culturais e de solidariedade entre os dois países.
O Chefe do Estado explicou que, embora esta não tenha sido uma visita de Estado, considerou fundamental aproveitar a ocasião para agradecer, pessoalmente, à comunidade moçambicana pelo apoio durante o processo eleitoral de 2024. “Não podíamos sair de Angola sem pelo menos saudar de forma representativa a todas as nossas irmãs e todos os nossos irmãos que estão em Angola”.
O Presidente Chapo recordou que, após a proclamação dos resultados eleitorais, Moçambique enfrentou episódios de violência, tal como ocorre em outras democracias da região e do mundo. Como exemplos, referiu-se aos casos do Quénia, Zimbabwe, África do Sul e até dos Estados Unidos, país que considerou como os “pais da democracia”, mas que também viveu situações de instabilidade, como a invasão do Capitólio. Com isso, questionou os desafios contemporâneos à estabilidade democrática.
O estadista lamentou a ocorrência de manifestações violentas em Moçambique após as eleições, destacando que os distúrbios começaram antes mesmo da divulgação oficial dos resultados. “Na madrugada do dia 10 de Outubro já existia um candidato que se proclamou vencedor, antes da contagem dos votos”, referiu, acrescentando que “ficou claro para nós que alguma coisa estava a ser preparada.”
Face à situação, destacou o esforço do seu governo em procurar consensos e evitar o agravamento do conflito pós-eleitoral. “Achámos que era importante sentar com as pessoas que estavam a mobilizar as pessoas”, afirmou, explicando que o diálogo culminou com a assinatura do Compromisso Político para um Diálogo Nacional Inclusivo, aprovado como lei pela Assembleia da República.
Ao abordar o histórico das eleições moçambicanas, o estadista foi categórico: “Desde 1994, ainda não tivemos uma única eleição sequer em que depois das eleições a pessoa que perdeu pegou o telefone, ligou para a pessoa que ganhou, desejou parabéns e continuamos a trabalhar como moçambicanos.” Para o Presidente da República, este padrão de instabilidade evidencia a necessidade de um debate sério entre todos os sectores da sociedade.
Durante o seu discurso, comparou o processo eleitoral a um jogo de futebol, onde o respeito pelas regras e pelo resultado é fundamental para a convivência pacífica.
Por conseguinte, reforçou a importância de trabalhar para todos os moçambicanos, independentemente das preferências políticas. “Quando nós construímos uma estrada, um hospital, uma escola, construímos para todos os moçambicanos”, reiterou, condenando os actos de destruição de infra-estruturas e apelando à união em torno do desenvolvimento. No encerramento da sua intervenção, o Presidente da República destacou a importância da diáspora para o progresso do país. Sublinhou que, pela primeira vez, Moçambique conta com uma Secretaria de Estado dedicada à cooperação e às comunidades moçambicanas no exterior, considerando esta medida como estratégica para o reforço dos laços com os cidadãos que vivem fora do país. Acrescentou ainda que o futuro de Moçambique depende do contributo de todos os moçambicanos, independentemente do local onde se encontrem.