MAPUTO, 02 DE MAIO DE 2025 – Moçambique e a Tanzânia deram hoje mais um passo rumo ao fortalecimento das relações bilaterais, com a recepção, pelo Presidente da República, Daniel Chapo, das cartas credenciais do novo Alto-comissário da República Unida da Tanzânia, Hamad Khamis Hamad.
O acto solene, realizado na Presidência da República, reafirma o compromisso mútuo com a consolidação da cooperação histórica, política, económica e de segurança entre os dois países vizinhos.
Em declarações à imprensa que se seguiram a este acto, a ministra moçambicana dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Maria dos Santos Lucas, disse: “Nós, hoje, testemunhámos, aqui, a apresentação das cartas credenciais do alto comissário da República Unida da Tanzânia, e foi um momento importante para a Sua Excelência o Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, e o Alto-comissário trocaram impressões sobre a cooperação Moçambique-Tanzânia”, afirmou a ministra. Segundo disse, trata-se de uma relação com raízes profundas na história comum dos dois países.
A ministra recordou o papel determinante da Tanzânia na luta de libertação nacional de Moçambique, considerando que “foi o verso do início da nossa luta de libertação nacional, foi o verso da nossa independência”. Acrescentou ainda que, para além das relações históricas, os dois países têm mantido uma cooperação contínua em vários domínios, beneficiando da proximidade geográfica e de interesses partilhados.
Entre os sectores destacados, a ministra apontou a segurança, nomeadamente o apoio bilateral das forças tanzanianas no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, a exploração de minérios, o intercâmbio cultural, e a relação “povo a povo”. Está também em análise a criação de uma nova fronteira de facilitação comercial, para impulsionar as trocas entre os dois países.
Apesar das boas relações políticas, a ministra reconheceu que os níveis actuais de comércio entre Moçambique e Tanzânia ainda são baixos. “Teremos que trabalhar”, afirmou, sublinhando que a Tanzânia tem apostado em culturas agrícolas com preços estáveis no mercado internacional, como a soja, a castanha de caju e o café, com potencial de inspirar Moçambique a diversificar e reforçar a sua produção.
“Eles disseram que agora apostaram mais em produtos não para a segurança alimentar da Tanzânia, que também se vão fazer, mas para a exportação. Eles fizeram esse estudo e viram que esses produtos valem a pena fazer, apostar neles”, afirmou a ministra, referindo que haverá, nos próximos dias, encontros entre ministros da área económica dos dois países para promover a cooperação técnica e o intercâmbio de boas práticas.
No domínio agrícola, Moçambique já iniciou a produção de café, embora tradicionalmente apostasse no chá. “Aprendemos um pouco mais da Tanzânia que afinal apostar no café vale a pena”, disse a ministra, referindo-se também à necessidade de revitalizar a produção de castanha de caju. “Vamos tentar aprender, essas visitas são mesmo para aprender aquilo que eles fazem bem, mas também levamos aquilo que nós também fazemos do melhor aqui deste lado para lá”, concluiu Maria dos Santos Lucas.