“A situação política está calma em Moçambique” - Presidente da República durante a visita à Sede da SADC em Gaberone
O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, visitou ontem, a Sede Regional da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), onde foi recebido pela Secretária Executiva desta organização regional, Stergomena Lawrence Tax, e também se inteirou do funcionamento do Centro Regional de Aviso Prévio (REWC, sigla em inglês).
O Centro visa, essencialmente, alertar os países da região para qualquer ocorrência anormal na área política, económica e social, bem como em caso de calamidades naturais. O mesmo comporta uma sala de operações no Secretariado Executivo da SADC, e possui uma estação de satélite localizada em Sebele, em Gaberone, Botswana.
Durante a sua visita àquele Centro, o Chefe do Estado deu a conhecer a situação de Moçambique nas áreas política, social e económica, com destaque para a situação político-militar, que, segundo o Presidente Nyusi, está calma, e não há troca de tiros em Moçambique, tranquilizando, assim, a SADC.
“Não há tiros como se imagina. A situação política está calma em Moçambique”, garantiu o Presidente da República, explicando que esta era a percepção que pairava no seio de alguns membros da comunidade moçambicana residentes no Botswana.
Também justificou as suas declarações afirmando que era seu dever explicar ao Centro de Aviso Prévio desta organização regional o que está a acontecer no país.
“É importante dar-vos alguma informação sobre Moçambique, porque vocês são consultados sobre aquilo que se passa em cada país ao nível da SADC. Por isso, quando ouvem de mim é mais fácil gerir a informação e disseminar de uma forma correcta”, explicou.
O Chefe do Estado admitiu que existe em Moçambique fortes debates, mas que são o testemunho da democracia no país. “Os debates que ouvem não devem vos assustar como tratando-se de conflitos entre pessoas em Moçambique, pois são resultado de uma democracia que está a crescer a passos muito largos', disse.
Reconheceu que as hostilidades militares em Moçambique preocupavam os moçambicanos, a região e o resto do mundo, mas tudo mudou desde que se observam tréguas no país desde 27 de Dezembro do ano passado, na sequência de consensos alcançados entre o Presidente da República e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama.
“Dos contactos directos que tenho mantido com o líder da Renamo, e o último dos quais a partir daqui em Botswana, não está a haver nenhuma hostilidade. Tudo está a ser feito para que prevaleça a calmia e cessação de hostilidades em Moçambique”, explicou o estadista moçambicano.
Para o efeito, explicou que foram criados dois grupos, um do governo e outro da Renamo, que estão a discutir matérias ligadas a descentralização e questões económicas. O diálogo conta com a presença de peritos internacionais. O seu papel não é de mediar ou facilitar o diálogo, pois o seu papel é de apoiar os debates. A sua presença deve-se ao facto de serem profissionais das matérias em discussão.
Sobre a situação económica de Moçambique, o Presidente da República afirmou que o governo está a trabalhar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) na introdução de reformas económicas. As reformas também visam rentabilizar as empresas públicas para permitir que Moçambique possa atingir a independência económica, e restabelecer o crescimento que vinha se registando em Moçambique nos últimos anos.
O estadista moçambicano sublinhou a necessidade de se imprimir uma maior celeridade na implementação da estratégia de industrialização da SADC, reafirmando o compromisso de Moçambique de fazer tudo ao seu alcance para consolidar o projecto de integração regional.
Disse ter ficado impressionado com as explicações recebidas no Centro de Aviso Prévio, que foi inaugurado a 12 de Julho de 2010 pelo antigo Presidente Armando Guebuza, na altura presidente do Órgão de Cooperação nas Áreas de Política, Defesa e Segurança.
O Presidente da República recordou, ainda, que ele próprio participou na criação do Centro, na qualidade de Ministro de Defesa de Moçambique.