MAPUTO, 14 DE DEZEMBRO DE 2025 – O Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, visitou neste domingo o Porto da Beira, na província de Sofala, com o objectivo de inteirar-se, no terreno, dos principais constrangimentos que afectam o funcionamento daquela infra-estrutura portuária estratégica para Moçambique e para os países do hinterland, bem como de avaliar as soluções em curso e perspectivar medidas estruturantes para o seu desenvolvimento sustentável.
Falando à imprensa no final da visita, o Chefe do Estado constatou que o Porto da Beira tem registado um crescimento significativo no movimento de cargas, incluindo combustíveis, carga geral e contentores, o que impõe a necessidade de novos investimentos e de ganhos reais de eficiência operacional. Nesse contexto, destacou a importância do lançamento da primeira pedra da nova estrada de acesso ao Porto da Beira, cuja empreitada já se encontra mobilizada, considerando-a um passo relevante para mitigar o congestionamento actual.
Contudo, o governante reconheceu que a estrada de acesso, por si só, não resolve os problemas estruturais do porto, sublinhando que o congestionamento resulta também da falta de coordenação entre as várias entidades e concessões que operam no interior da infra-estrutura portuária. “Temos várias concessões e vários operadores a investir de forma isolada, sem uma coordenação efectiva, o que não resolve o problema principal, que é a eficiência do Porto da Beira”, afirmou.
O Presidente da República defendeu, por isso, a elaboração urgente de um Plano Director de Desenvolvimento do Porto da Beira, que sirva de base para investimentos coordenados e sustentáveis, bem como a criação de uma entidade com autoridade para gerir e fazer cumprir esse plano, impondo disciplina no desenvolvimento do porto.
Segundo explicou, essa entidade deverá assegurar a articulação entre o sector público, o sector privado, as empresas concessionárias e as instituições do Estado que operam no porto, como a Autoridade Tributária e as Alfândegas.
Durante a visita, o Chefe do Estado destacou ainda que as preocupações com a eficiência do Porto da Beira têm sido reiteradamente manifestadas pelos países do hinterland, nomeadamente o Zimbabué, o Maláui e a Zâmbia, parceiros estratégicos que dependem desta infra-estrutura para o escoamento das suas mercadorias. “Todos os nossos países amigos e irmãos da região reclamam a necessidade de aumentarmos a eficiência do Porto da Beira”, sublinhou.
No âmbito das soluções em curso, o Presidente Chapo explicou que, para além da nova estrada de acesso — cuja primeira fase vai até Inhamíssa, incluindo um cruzamento desnivelado para evitar semáforos e reduzir o tempo de circulação dos camiões — está igualmente prevista a sua extensão até Mafambisse, no distrito do Dondo, onde será construído um grande centro logístico de referência regional. Este centro deverá contribuir para aliviar a pressão sobre o porto, embora o Presidente tenha reiterado que sem um plano director e uma coordenação efectiva, os problemas persistirão.
O Chefe do Estado referiu também que estão em curso investimentos para reforçar a capacidade operacional do porto, incluindo a aquisição de novas gruas de grande dimensão e outros equipamentos, visando aumentar a produtividade nos terminais. Ainda assim, alertou que esses investimentos só produzirão os resultados esperados se forem enquadrados numa visão integrada e disciplinada do desenvolvimento portuário.
No domínio da facilitação do comércio e da logística regional, o Presidente da República informou que Moçambique se encontra em fase avançada para a implementação de uma fronteira de paragem única em Machipanda, no quadro da cooperação com o Zimbabué, bem como de uma solução semelhante na fronteira de Ressano Garcia, em coordenação com a África do Sul. Estas fronteiras deverão igualmente ser digitalizadas, de modo a permitir maior fluidez na circulação de pessoas e mercadorias.
O Presidente Daniel Chapo concluiu reiterando o compromisso do Governo em continuar a investir de forma coordenada no sector dos transportes e logística, defendendo que o futuro do Porto da Beira passa por uma gestão integrada, disciplinada e eficiente, capaz de responder às exigências do crescimento económico nacional e regional.
O Porto da Beira dispõe de dois terminais modernos, resultantes de investimentos adicionais na ordem de 210 milhões de dólares norte-americanos: o Terminal de Contentores e o Terminal de Carga Geral. De forma global, a infra-estrutura dispõe de uma capacidade anual de manuseamento de até 5 milhões de toneladas de carga, estando preparada para receber navios com porte bruto máximo de 50 mil toneladas (DWT). Em termos de apoio logístico, prevê-se que, até o final de 2025, a capacidade de armazenamento em tanques atinja 923.451 metros cúbicos, destinada sobretudo ao acondicionamento de produtos líquidos, como combustíveis e outros derivados.