MAPUTO, 25 DE NOVEMBRO DE 2025 – O Presidente da República, Daniel Chapo, e o homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, defenderam esta segunda-feira, em Maputo, um relançamento estratégico da cooperação económica entre Moçambique e o Brasil, colocando a energia, agricultura, infra-estruturas e turismo como sectores prioritários para investimentos conjuntos, durante o Fórum Empresarial Moçambique-Brasil.

O Presidente Chapo afirmou que o encontro com empresários dos dois países assinala uma nova etapa de parceria, coincidindo com os 50 anos da independência nacional e meio século de relações bilaterais. “Estamos aqui hoje com os nossos irmãos empresários brasileiros e empresários moçambicanos para juntos retomarmos e recomeçarmos o futuro de Moçambique, 50 anos depois da nossa independência e 50 anos depois das relações entre Moçambique e o Brasil”, disse.

O Chefe do Estado destacou o potencial económico do país em recursos minerais, hidrocarbonetos, agricultura, turismo, energia e infra-estruturas, sublinhando que estas áreas representam “grandes oportunidades de negócio” para investidores de ambos os países. Recordou que Moçambique está entre os dez maiores produtores de gás no mundo, com a ambição de ascender ao grupo dos cinco maiores.

O dirigente detalhou os principais projectos em curso na Bacia do Rovuma, incluindo a Coral Sul e a Coral Norte, avaliados em cerca de 15 mil milhões de dólares, além do reinício dos investimentos da TotalEnergies e ExxonMobil após o levantamento da “força maior”, num volume total que pode atingir 50 mil milhões de dólares. Para o Chefe do Estado, este cenário abre espaço para uma cooperação reforçada entre a Petrobras e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH).

No sector agrícola, o governante defendeu que Moçambique pretende inspirar-se na trajectória brasileira, que passou de importador para grande exportador mundial de alimentos. Igualmente, destacou o potencial turístico do país, afirmando que, com 2.700 quilómetros de costa e “ilhas extraordinárias”, Moçambique pode tornar-se “um autêntico Maldivas” com investimentos adequados.

O sector da energia foi apresentado como a prioridade central. O Presidente Chapo lembrou que vários países vizinhos enfrentam défices energéticos e que Moçambique tem condições únicas para atender esse mercado, combinando hidroeléctricas, gás, carvão, energia solar e eólica. Referiu investimentos em curso, como a nova central de 450 MW em Inhambane e projectos hidroeléctricos como Mphanda Nkuwa.

Na sua intervenção, o Presidente Lula apelou à maior presença empresarial brasileira em África, argumentando que o continente oferece oportunidades estruturais ainda inexploradas. “É importante a gente lembrar que a gente pode participar, compartilhar e ganhar dinheiro ajudando a fazer as coisas que não existem”, afirmou, referindo a necessidade de estradas, pontes, centrais eléctricas, entre outras áreas de investimento.

O governante brasileiro recordou as dificuldades anteriores para convencer empresas do seu país a investir no continente, mas garantiu que o Governo do Brasil está novamente mobilizado. “Voltamos a governar o Brasil, e passámos dois anos recuperando este país […. Por isso, meu querido companheiro, eu estou de volta a Moçambique, estou de volta e trouxe esta equipa comigo”, declarou. O Presidente Lula destacou a importância de trazer instituições estratégicas para a cooperação, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária (Embrapa) e o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), e assegurou disponibilidade total para novas parcerias. “O meu governo está se colocando à disposição, com tudo que a gente pode ter, ministérios, empresas públicas, empresas tecnológicas, a nossa Petrobras, o nosso BNDES para que a gente volte a conversar com vocês e saber quais os projectos que a gente pode fazer parceria”, concluiu.