MAPUTO, 24 DE NOVEMBRO DE 2025 – Os Presidentes Daniel Francisco Chapo e Luiz Inácio Lula da Silva anunciaram esta segunda-feira, em Maputo, um relançamento estratégico da cooperação entre Moçambique e Brasil, com prioridade para projectos económicos de impacto e o reforço das capacidades institucionais, após um tête-à-tête e conversações oficiais inseridas na visita de trabalho de dois dias do Chefe de Estado brasileiro.

Num momento que ambos classificaram como histórico, o Presidente moçambicano destacou que a visita ocorre “num mês e ano especiais”, coincidindo com o Jubileu do Ouro da independência nacional e com os 50 anos de relações diplomáticas.

O estadista moçambicano realçou que os dois países decidiram inaugurar uma nova fase da parceria, centrada em resultados. “Decidimos nos concentrar nas seguintes áreas: agricultura, transporte e logística, recursos minerais e energia, infra-estruturas, saúde e, principalmente, a exploração do gás”, afirmou, sublinhando que a experiência brasileira em segurança alimentar e energia será determinante.

Como resultado das conversações, foram assinados nove instrumentos jurídicos destinados a fortalecer instituições e sectores prioritários. Entre eles estão o Ajuste Complementar para capacitar o Instituto de Aviação Civil, o reforço da Assistência Jurídica, a expansão do Centro Agro-Florestal de Mabalane (província de Gaza), o Programa de Desenvolvimento Integrado de Moçambique e um Memorando sobre Formação Diplomática.

O governante moçambicano destacou ainda o papel do sector privado na nova etapa da cooperação, apontando a presença de empresários brasileiros como sinal do compromisso económico. “Demonstra o interesse e a importância que atribui ao sector empresarial na dinamização […] das relações económicas e comerciais”, afirmou, antecipando que o Fórum de Negócios Moçambique-Brasil permitirá contactos “frutíferos” entre os dois mercados.

O Chefe do Estado agradeceu igualmente o apoio do Brasil face ao terrorismo e reafirmou a prioridade nacional da paz e estabilidade. “Continuaremos […] a fazer tudo para que a paz, a segurança e a estabilidade voltem a reinar em todo o país”, disse, sublinhando que os 50 anos de cooperação representam “a renovação do espírito de irmandade […] entre os nossos dois povos”.

Por sua vez, o Presidente Lula classificou, também, a visita como um marco simbólico. “Esta visita é especial, pois ocorre no marco da celebração dos 50 anos de independência de Moçambique”, afirmou, lembrando que o Brasil foi um dos primeiros países a reconhecer a independência em 1975. Disse que o Brasil “reencontrou Moçambique”, após períodos de afastamento, e que agora pretende consolidar essa relação.

Lula destacou a assinatura de nove acordos e anunciou novas iniciativas, incluindo 80 vagas de formação de formadores em ciências agrárias e 400 vagas em cursos técnicos para moçambicanos em 2026, além de projectos ligados aos biocombustíveis, à adaptação climática, à segurança alimentar, à produção de medicamentos e à mobilidade estudantil. Sublinhou também a cooperação ambiental e energética, afirmando que é possível “ampliar a produtividade da savana africana sem comprometer o meio ambiente”. No encerramento, o Presidente Lula sublinhou que a sua deslocação a Maputo simboliza a retoma plena da relação bilateral, afirmando que a visita representa “o recomeço de uma história que nunca deveria ter parado de acontecer”. Reiterou que o Brasil está pronto para apoiar Moçambique “em todas as áreas, da indústria à energia”, destacando saúde e educação como prioridades absolutas na nova agenda de cooperação.