MAPUTO, 16 DE JUNHO DE 2025 – O Presidente da República, Daniel Chapo, afirmou esta Segunda-feira, no distrito de Mueda, província de Cabo Delgado, que o futuro de Moçambique deve ser construído com base no diálogo, na escuta mútua e na inclusão de todos os moçambicanos, como forma de honrar o sacrifício dos heróis da luta de libertação. O Chefe do Estado falava durante a cerimónia central de comemoração do 65.º aniversário do Massacre de Mueda, assinalado sob o lema “Honrar o Passado, Construir o Futuro”.

No local onde, em 1960, dezenas de moçambicanos foram mortos por exigirem pacificamente a independência, o Presidente Chapo destacou que “o diálogo, quando possível, deve sempre preceder a violência” e defendeu que escutar as preocupações do povo é a chave para preservar a paz. “Nunca devemos partir da violência para o diálogo, mas sim do diálogo, em primeiro lugar”, vincou.

O estadista apontou o Massacre de Mueda como um marco histórico que continua a oferecer lições ao presente. “Onde falta escuta, nasce a resistência. Onde há exclusão, inevitavelmente haverá convulsão”, disse, sublinhando que o Governo abraçou o diálogo nacional inclusivo como resposta à necessidade de um debate genuíno e participativo entre moçambicanos.

Ao reforçar o convite à participação de todas as sensibilidades da sociedade — partidos, académicos, sociedade civil, lideranças tradicionais, juventude e mulheres —, o Presidente da República reiterou que o objectivo é construir consensos, corrigir assimetrias e garantir que nenhum cidadão se sinta estranho na terra onde nasceu. “Mueda exige de nós tolerância. Mueda exige escuta. Mueda exige inclusão”, afirmou.

A cerimónia coincidiu com duas datas de valor simbólico: o nascimento do Metical, a moeda nacional criada a 16 de Junho de 1980, e o Dia da Criança Africana, instituído pela União Africana em memória do Massacre de Soweto, ocorrido em 1976 na África do Sul. O Chefe do Estado destacou que ambas as efemérides partilham o mesmo espírito de resistência à opressão e afirmação da autodeterminação africana.

“O sangue derramado em Mueda não foi em vão: ele irrigou a terra fértil da nossa independência”, declarou o governante, defendendo que os ganhos da soberania devem traduzir-se em políticas económicas arrojadas, boa governação e exploração sustentável dos recursos nacionais em benefício de todos os moçambicanos, e não de um grupo restrito.

No prosseguimento do seu discurso de ocasião, o Presidente moçambicano homenageou também as crianças, classificando-as como “flores que nunca murcham”, e reafirmou o compromisso do Governo com uma educação de qualidade, inclusiva e promotora do patriotismo. “Devemos às nossas crianças um ambiente de dignidade, respeito, amor e oportunidades”, disse.

Dirigindo-se ao presente, o Presidente Daniel Chapo rendeu homenagem às Forças de Defesa e Segurança, à Força Local e aos aliados do Ruanda e da Tanzânia pelo papel no combate ao terrorismo em Cabo Delgado. Considerou-os “herdeiros da bravura dos jovens de 25 de Setembro”, cuja entrega diária garante a soberania nacional e a segurança do povo moçambicano. Já no fim do seu discurso, o Presidente da República convidou todos os cidadãos, “do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico”, a participarem com orgulho nas celebrações dos 50 anos da independência nacional, no próximo dia 25 de Junho. “Celebremos com consciência, com dignidade, com paz e união entre nós moçambicanos”, apelou.

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