
MAPUTO, 11 DE JUNHO DE 2025 – O Presidente da República, Daniel Chapo, recebeu esta tarde, no seu Gabinete de Trabalho, o Presidente Executivo (CEO) da multinacional italiana ENI, Claudio Descalzi, numa audiência que reafirmou a sólida parceria entre Moçambique e a empresa energética, com destaque para a expansão do projecto Coral Norte e novas iniciativas de desenvolvimento agrícola com forte potencial de criação de empregos.
No final do encontro, Descalzi anunciou que a ENI obteve autorização oficial do Governo moçambicano para o Plano de Desenvolvimento do projecto Coral Norte FLNG, um passo decisivo que permitirá aumentar a produção de Gás Natural Liquefeito (GNL) a partir da Área 4 da Bacia do Rovuma. “A Coral Norte é o futuro, e o Presidente nos trouxe notícias muito interessantes e importantes porque obtivemos a autorização para o Plano de Desenvolvimento, com todos os termos concordados. Isso significa que a Coral Norte é uma coisa real agora”, afirmou o Chief Executive Officer.
A reunião permitiu fazer um balanço dos resultados do projecto Coral Sul, o primeiro a produzir GNL na Bacia do Rovuma, que em 2023 contribuiu com 50 por cento do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI). Para este ano, as projecções indicam que o mesmo projecto poderá representar até 70 por cento do crescimento do PIB de Moçambique.
O encontro foi igualmente uma oportunidade para abordar a estratégia da ENI em diversificar suas actividades no país, com ênfase na agricultura para produção de biocombustíveis sustentáveis. “Temos outro ponto muito importante para o país, que é a agricultura.
Segundo o dirigente da ENI, a aposta na agricultura não só contribui para a transição energética, como tem um forte impacto no emprego rural. “Um aspecto muito importante dessa actividade é o trabalho intensivo. Então você produz um enorme número de trabalhos. Normalmente trabalhamos com 150 mil hectares e produzimos em torno de 130 mil toneladas por ano, mas essa quantidade de terra e produção de agricultura pode impactar em um nível de 120 mil trabalhos. Então é enorme”.
A ENI já desenvolve este modelo em mais de seis países africanos, e pretende replicar a experiência em Moçambique, em estreita coordenação com o Governo. “Se você está trabalhando com 300 mil hectares, você pode produzir cerca de 300 mil trabalhos. É uma revolução. E o Presidente está muito focado na agricultura, está muito focado nas criações de trabalhos”, sublinhou Descalzi.
O CEO destacou ainda que, apesar do elevado investimento no sector do gás, o número de postos de trabalho é mais limitado. “Claramente, o desenvolvimento do gás é importante, mas o desenvolvimento do gás é capital intensivo. Você investe muito, mas depois você tem trabalhos especializados, e você pode empregar mil ou duas mil pessoas. Mas com a agricultura, você emprega mais de 100 mil pessoas”.
Durante o encontro, foi também analisada a contribuição da ENI para a transição energética em Moçambique, incluindo projectos de compensação de carbono, como o programa de Cozinha Limpa, que promove soluções mais eficientes em termos energéticos, e outras acções no âmbito do programa REDD+. Descalzi considerou a audiência com o Chefe do Estado como altamente produtiva: “As duas coisas que são importantes são duas pernas. Duas pernas para o país, para andar, mas também para correr muito rápido, porque nós somos uma população muito jovem. Então isso é, em suma, o que discutimos com o Presidente. Foi um encontro muito feliz, mas muito construtivo. Então foi um encontro muito positivo”.